Transferência faz parte de estratégia do Ministério da Justiça para conter articulações da facção após a ação mais letal da história fluminense
O Presídio Federal de Campo Grande deve receber, nos próximos dias, integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), em meio à megaoperação policial que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro. A transferência faz parte de uma ação do Ministério da Justiça e Segurança Pública para reforçar o isolamento de lideranças da facção em presídios federais de segurança máxima.
Um dos principais nomes do grupo, Marcinho VP, já cumpre pena na unidade de segurança máxima da Capital sul-mato-grossense. Ainda não há confirmação oficial sobre quantos presos serão enviados a Campo Grande nem quais líderes farão parte do novo grupo transferido.
Cúpula do CV sob vigilância
Dez criminosos apontados como parte da cúpula do Comando Vermelho foram retirados do presídio Bangu 3 e levados para o Bangu 1, no Complexo de Gericinó — unidade considerada o mais rígido presídio estadual do Rio. Entre eles está Marco Antonio Pereira Firmino, o “My Thor”, apontado como um dos chefes mais influentes da facção.
A lista de transferidos inclui ainda Wagner Teixeira Carlos (Waguinho de Cabo Frio), Rian Maurício Tavares Mota (Da Marinha), Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha), Arnaldo da Silva Dias (Naldinho), Alexander de Jesus Carlos (Choque/Coroa), Leonardo Farinazzo Pampuri (Léo Barrão), Fabrício de Melo de Jesus (Bichinho), Carlos Vinícius Lirio da Silva (Cabeça do Sabão) e Eliezer Miranda Joaquim (Criam), conforme apuração do portal G1.
Entre eles está Alexander de Jesus Carlos, o “Choque” ou “Coroa”, que já esteve preso em Mato Grosso do Sul em 2012. Ele chegou a ser investigado por envolvimento em um plano de fuga de Fernandinho Beira-Mar, então detido no Presídio Federal de Campo Grande. Em 2016, o caso levou o MPF/MS (Ministério Público Federal) a denunciar dois ex-agentes penitenciários federais.
A operação mais letal do Rio
A megaoperação que motivou as transferências foi deflagrada na terça-feira (28) nas comunidades do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação é considerada a mais sangrenta da história do estado.
De acordo com a Defensoria Pública do Rio, o número de mortos chegou a 132 pessoas até esta quarta-feira (29), incluindo 60 suspeitos e quatro policiais — dois civis e dois militares. Moradores relataram que cerca de 50 corpos foram retirados de uma área de mata na Penha e levados até a Praça São Lucas, no centro da comunidade.
Apesar dos números, o governador Cláudio Castro declarou, em entrevista coletiva, que “as únicas vítimas” da operação foram os quatro policiais mortos. “Aquelas foram as verdadeiras vítimas. De vítimas, ontem, só tivemos os quatro policiais”, afirmou.
A transferência dos líderes do Comando Vermelho para o sistema federal busca impedir novas articulações da facção e conter possíveis retaliações após a ofensiva que desarticulou parte de sua estrutura no Rio.
(douradosagora)