UM LUGAR
Cada coração é um lugar com muitos lugares.
Tem lugar de riso, lugar de dor. Lugar de opacidade, lugar de cor. Lugar de encontro, lugar de adeus, de saudade e de esperança. Lugar de aventura, lugar de sonho, de coragem e de medos.
É triste, mas existe também lugar de ódio - felizmente, este é um lugar que não frequenta o coração de Corumbá.
Porque Corumbá é lugar de amor. De amar e ser amado. De um amor que soma e compartilha, que se multiplica e se divide na gestação do bem-querer.
O coração deste nosso lugar é aquele que se deixa habitar pelo doce emprazeramento da alma. Escancara-se como a terna mãe bororo, um ventre celeste que gerou os raios da lua e do sol, o beijo molhado de um rio, os ventos calmos dos morros...e a magnífica estrela rebelde, a jóia do firmamento, que por santa e pura teimosia fez deste lugar seu melhor engaste.
Neste lugar que é nosso coração passeiam pelo carrossel dos anos a poesia e os poetas, o canto rasgado da viola de cocho, as crianças do Moinho, o bolo de arroz e a saltenha boliviana, a cidade dombosquina do Padre Ernesto, o samba de Venância e Favito, a interminável peleja afetiva de Bola Sete e Zé Tintureiro, a crônica do Ramda Larama, a canoa do guató, a tinta de Jorapimo e a gravura de Burgos.
São muitos lugares dentro de um só coração.
Ou seriam muitos corações num só lugar?
Não é preciso responder. A vida já é a resposta.
Já mandou avisar que "Alôoo Pantanal", até as palmeiras da avenida têm um coração e nele faz ninho quem nasceu, quem chegou e quem ainda não conhece o lugar destes meus sonhos...e de meus eternos dias!
(Jornalista Edson Moraes - 21 de setembro de 2025)
