Magistrados de segunda instância estão na mira de investigação da PF
desde 2021.
Na manhã desta quinta-feira (24), a Polícia Federal (PF) realiza uma
operação para cumprir mandados de busca e apreensão relacionados a uma
investigação sobre a venda de sentenças judiciais, envolvendo cinco
desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
Os magistrados foram afastados de suas funções, e além das buscas, outras medidas foram impostas, como a proibição de acesso ao Tribunal, a restrição de comunicação entre os envolvidos e o uso de tornozeleiras eletrônicas.
Foram afastados pelo STJ, pelo prazo inicial de 180 dias, os desembargadores:
- Sérgio
Fernandes Martins, presidente do TJ-MS;
- Vladimir
Abreu da Silva;
- Alexandre
Aguiar Bastos;
- Sideni
Soncini Pimentel;
- Marco José de Brito Rodrigues.
Foram afastados ainda o conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso
do Sul (TCE-MS), Osmar Domingues Jeronymo, e seu sobrinho, Danillo Moya
Jeronymo, que também atua como servidor no TJMS. Também estão na mira da
investigação um juiz de primeira instância, dois desembargadores aposentados e
um procurador de Justiça, além de advogados e empresários.
A operação, denominada “Última Ratio”, apura crimes como corrupção na
venda de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, formação de organização
criminosa, extorsão e falsificação de documentos no âmbito do Judiciário.
Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e
estão sendo executados por cerca de 200 agentes federais em várias cidades,
incluindo Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT).
Investigação
Essa investigação, que contou
com o apoio da Receita Federal, é um desdobramento da operação
Mineração de Ouro, deflagrada pela PF em 2021.
A operação
investiga a suposta participação dos desembargadores em um esquema que incluía
a venda de decisões judiciais e lavagem de dinheiro. Segundo a investigação,
áreas de mineração eram utilizadas como fachada para lavar o dinheiro gerado
pelo esquema. O nome da operação faz referência à prática de “ultima ratio”, um
termo jurídico que se refere à última solução possível.
Os mandados de busca e apreensão foram
autorizados pelo ministro Francisco Falcão, do STJ, que acompanha o desenrolar
das investigações. A Receita Federal também participa da operação, auxiliando
na análise de possíveis irregularidades financeiras. O Tribunal de Justiça de
Mato Grosso do Sul ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Essa investigação faz parte de uma série de ações que têm revelado esquemas de
venda de sentenças em diversos tribunais pelo país. Além do caso de Mato Grosso
do Sul, o Tribunal de Justiça da Bahia também está sendo investigado por
situações semelhantes na operação Faroeste, considerada o maior caso de venda
de sentenças do Brasil.
As suspeitas sobre os desembargadores e ministros envolvidos nesses
esquemas surgiram após o homicídio de um advogado em Cuiabá, Mato Grosso, em
2022. Mensagens encontradas no celular da vítima levantaram a suspeita de que
gabinetes de ministros do STJ estavam envolvidos na comercialização de decisões
judiciais, especialmente relacionadas a disputas de terras.
conexaopolitica
