Como consequência do embargo da China, caso permaneça,
além da redução da carne bovina, a tendência é que também puxe para baixo os
preços do frango e da carne de porco
O mercado brasileiro pode registrar uma queda no preço da carne bovina para as festas de fim de ano,
justamente quando o consumo tende a aumentar, segundo um levantamento realizado
feito pela SAFRAS & Mercado, consultoria especializada em agronegócio.
O “presente de Natal” é consequência
do embargo da China, que há dois meses
suspendeu as exportações da proteína brasileira ao país asiático. Caso a
situação permaneça, em dezembro, as famílias brasileiras poderão comprar o
quilo das partes menos nobres por até R$ 12, segundo estimativas. A
probabilidade também é de redução nas partes mais nobres, porém, em menor
proporção.
Em setembro, antes da imposição da China, a parte mais nobre do boi
custava, em média, R$ 21,10 e atualmente está em R$ 20,82. Já o dianteiro do
bovino, corte menos nobre, teve uma redução no preço de quase 20% no atacado.
Antes o valor era R$ 16,50 cada o quilo do produto e agora a mesma peça sai por
R$ 13. Nessa época, no ano passado, o quilo das partes nobres estava em média
R$ 20 e das peças menos nobres, R$ 11.
Atualmente, mais de 100 mil toneladas
de carne estão em estoques brasileiros, enquanto os empresários aguardam uma
definição do governo da China. Caso o embargo não seja revogado nos próximos
dias, o analista de mercado, Fernando Iglesias, afirma que esse volume de
proteína terá que ser comercializado no mercado interno brasileiro e a
tendência é que a queda do preço da carne bovina também puxe para baixo o preço
das proteínas suínas e de frango.
“As carnes bovinas costumam ficar, em
média, 60 dias em câmaras frigoríficas. O embargo da China está se prolongado e
caso ele não seja revogado em breve, a previsão é que essa carne seja vendida
dentro do Brasil por um valor mais baixo porque quanto maior o volume ofertado,
o preço acaba caindo. Ainda podemos dizer que com a queda do preço da carne
bovina, os preços das proteínas suínas e de frango também tenham queda”,
explicou o analista.
Fernando Iglesias ressaltou também que, em menor proporção, os
empresários do setor já começam a vender o excedente das proteínas, antes
destinada à China, para o mercado interno. Segundo ele, o setor atacadista
brasileiro registrou, nas últimas semanas, uma queda de até 20% no preço de
alguns cortes bovinos.
“Estoque parado representa um alto
custo, para os criadores de gado é melhor vender internamente mesmo, movimento
que já começou. O dianteiro do bovino, corte menos nobre do boi, já apresenta
uma redução no preço de quase 20% no atacado”, destaca.
Apesar da expectativa para uma redução no preço para o fim do ano, os preços das proteínas, na maioria das situações, ainda seguem altos, de acordo com o levantamento da Safras & Mercado. De acordo com o estudo, vale ressaltar que a projeção pode sofrear alterações, caso o embargo seja revogado.
Fonte: CNN Brasil